Viajar de última hora custa caro. Mas, nem desembolsando muito, fica fácil conseguir um quarto em São Paulo. O nível de ocupação das grandes redes hoteleiras na capital paulista está tão alto nos últimos três anos que os turistas se veem obrigados a adiar os planos ou se hospedarem na região metropolitana e viajar todos os dias para fazer negócios. Feiras, congressos, shows e o “dia a dia” dos empresários estão lotando os quartos paulistanos.
Além do mês de novembro ser o mais forte em reservas no segundo semestre, com diversos eventos de negócios, especialistas do setor lembram do descasamento entre oferta e demanda em São Paulo. Nos últimos cinco anos não houve lançamento de nenhum empreendimento de grande porte na nem a quantidade de quartos que a cidade necessita. E não há no horizonte dos próximos três anos a perspectiva de novos projetos com uma quantidade significativa de apartamentos.
“Temos apenas dois projetos novos que somam em torno de 350 quartos. É pouca coisa diante de um crescimento anual de demanda de 5% nos últimos anos, ou a necessidade de dois mil quartos por ano”, diz o sócio-diretor da consultoria HotelInvest, Diogo Canteras. Ele se referiu ao Ca’d’Oro, desativado desde o fim de 2009 mas que será relançado em meados de 2015, e o Higienópolis Hotel & Suites, inaugurado em abril deste ano.
O diretor da consultoria Jones Lang LaSalle Hotels, no Brasil, Ricardo Mader, diz que o setor de hotéis ainda é visto com reservas por investidores. “O mercado imobiliário está muito aquecido em São Paulo. As incorporadoras estão vendendo prédios residenciais e comerciais como água, pois têm o retorno mais rápido do que se investissem num hotel”, afirma ele.
Executivos do setor acrescentam que o brasileiro não tem hábito de reservar hotéis com antecedência, mesmo para viagens de negócios – principal foco do turismo em São Paulo. Por deixar para a última hora, os clientes estão tendo dificuldades em encontrar quartos com determinados padrão e localidade. “Todos reclamam que a cidade está lotada, mas não fazem reserva antes”, diz André Monegaglia, presidente da Allia Hotels.
“São Paulo hoje precisa de planejamento. Antes, dava para vir sem reserva e conseguir encontrar local. Hoje, se não tiver se organizado com antecedência, você vai ficar na mão”, afirma Toni Sando, diretor superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau, entidade que estimula o turismo na cidade.
“Os hotéis principais são os que lotam primeiro. Você, não conseguindo ocupação, acaba indo para hotel menos qualificado”, diz Oliveira, da Atlantica.
Fonte: Valo Econômico