Desburocratização para empresários de outras nações e o ingresso de companhias internacionais nas aéreas devem ajudar setor a recuperar tombo de 13,3% na receita desde o início da crise.
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Após amargar uma retração de 13,3% no faturamento nos últimos três anos, o setor de turismo corporativo acredita que deve iniciar uma retomada. Medidas como a isenção de visto para estrangeiros e a abertura de investimento externo nas companhias aéreas são vistas como propulsoras da demanda.
“Temos a percepção de que as medidas devem impactar positivamente esse mercado a partir de agora, uma vez que o País é o principal mercado de turismo corporativo na América Latina. A desburocratização faz todo o sentido para países que o Brasil tem forte relação comercial”, diz o presidente da Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev), Eduardo Murad.
Em março, o Governo Federal publicou no Diário Oficial da União (DOU) um decreto que eliminava a necessidade de visto para turistas de nações como Estados Unidos, Austrália, Japão e Canadá. A medida entrou em vigor no dia 17 de junho.
De acordo com o dirigente da entidade, a partir de agosto ou setembro os primeiros sinais de uma alta demanda devem ser verificados em segmentos como congressos e eventos. “As feiras de negócios devem aumentar, embora isso aconteça de forma gradual ao longo dos próximos anos. Acreditamos que as cidades responsáveis por essa expectativa sejam São Paulo, Fortaleza, Minas Gerais e Rio de Janeiro”, disse Murad.
Segundo o último levantamento realizado pela entidade, o faturamento do setor em 2019 deve chegar a R$ 70,1 bilhões – incremento de 4,2% sobre o ano anterior. Antes da recessão econômica de 2015 e 2016, a receita desse mercado girava em torno de R$ 77,7 bilhões. O balanço leva em consideração o desempenho de segmentos como alojamento, locação de veículos, transportes aéreo e rodoviário e também agências de viagens.
Um dos players desse mercado que compartilha de visão similar a do dirigente da Alagev é o presidente do Grupo Arbaitman, Marcos Arbaitman. “O visto para turistas americanos demorava, em média, dois meses para sair e as taxas são caras. Com essas ações provavelmente o volume de viagens aumentará e podemos até pensar em alguma empresa multinacional se instalar no Brasil depois disso”, argumentou o executivo.
Atualmente, o grupo se divide em três frentes de atuação com diferentes bandeiras: Maringá Turismo, voltada para turismo corporativo de lazer; Central de Eventos, para feiras de negócios; e, por fim, a Lemontech, que é a prestadora de serviços de tecnologia para outros players do mercado. Para Arbaitman, as três companhias devem se beneficiar dos decretos. “O faturamento do grupo deve crescer 18% em 2019, chegando a R$ 1,26 bilhão”, explicou ele.
Para o sócio-fundador da consultoria ba}Stockler, Luis Henrique Stockler, uma possível entrada de companhias aéreas estrangeiras no Brasil pode trazer benefícios não apenas em relação ao custo da passagem mas também na área de infraestrutura. “O ideal é que o investimento de capital externo acabe chegando até o preço final para o consumidor. Após a falência da Avianca, os preços subiram 23% em todo o País. A chegada de outras empresas pode estimular ampliação na estrutura dos aeroportos brasileiros”, comentou ele.
Além disso, Stockler também ressaltou que a desburocratização para empresários estrangeiros pode, por cascata, resultar em uma maior demanda no segmento de turismo de lazer.
Fonte: DCI