Obra será feita do outro lado do rio Tejo e custeada por tarifas de embarque.
Cinquenta anos após lançar o Gabinete para o Novo Aeroporto de Lisboa, o governo português assinou, nesta terça (8), o contrato para iniciar as obras do futuro terminal.
O novo centro de operações, previsto para abrir em 2022, pretende desafogar o aeroporto atual, que há vários anos está saturado e operando no limite de sua capacidade.
Principal porta de entrada de Portugal, o aeroporto de Lisboa tem sido notícia pela superlotação e problemas de infraestrutura.
A maioria dos voos diretos entre Brasil e Lisboa é operada pela TAP, que tem cerca de 80 frequências semanais.
Em 2018, o ranking OAG –que compila dados de viagens aéreas em todo o mundo– classificou o aeroporto de Lisboa como o 6º pior do mundo em atrasos, que atingem quase 40% dos voos.
Quem não tem passaporte europeu tem um problema adicional: as longas filas para entrar e sair do país, causadas pelo número insuficiente de agentes de fronteira.
Os problemas de operação têm a ver com o crescimento vertiginoso do turismo em Portugal, que ganhou, por dois anos consecutivos, o prêmio de melhor destino turístico do mundo no World Travel Awards, considerado uma espécie de Oscar do setor, entre outras distinções.
A quantidade de passageiros transportados duplicou na última década. Em 2017, foram 26,7 milhões de viajantes, alta de quase 20% frente a 2016.
Apesar do aumento, a situação do aeroporto é considerada por especialistas um dos principais gargalos ao crescimento do turismo. Segundo a Confederação do Turismo Português, o país vem perdendo 1 milhão de visitantes por ano por conta disso.
Ao contrário do aeroporto atual, a menos de 15 minutos do centro da cidade, o novo terminal será construído mais longe, no município de Montijo, na Grande Lisboa, do outro lado do rio Tejo.
O investimento previsto, é de 1,2 bilhão de euros (cerca de R$ 4,9 bilhões). Além da construção, o montante engloba ainda obras de melhorias no aeroporto atual.
Segundo a concessionária Aeroportos de Portugal, que pertence à francesa Vinci, não haverá dinheiro público. A verba virá das taxas aeroportuárias, que devem ficar mais caras.
Para o novo aeroporto, a empresa promete cobrar das companhias aéreas até 85% menos do que os valores atuais, o que deve atrair empresas de baixo custo, como a Ryanair e a Easyjet.
Ao assinar o contrato, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, destacou as cinco décadas de atraso e disse que isso prejudicou o desenvolvimento do país como um hub europeu. “Para que isto não volte a acontecer temos que aprender lições”, disse o socialista.
O premiê destacou que as obras só começam após sair o estudo de impacto ambiental, mas disse esperar que o documento “seja favorável” à construção.
A falta de um estudo de impacto foi criticada por entidades ambientalistas. Uma delas, a Associação Zero, pretende processar o governo português por assinar o contrato sem o documento.
Fonte: Folha de São Paulo