A reação da atividade econômica no Brasil tem sustentado a recuperação de vendas no setor de viagens de negócios, entre agências de turismo, hotéis e organizadores de eventos. A expectativa dos executivos dessas empresas é que a reação positiva ganhe tração em 2018.
“As vendas pararam de cair. Já devemos ter este ano algum crescimento, em parte com a entrada de novos clientes, na medida em que as empresas voltaram a contratar viagens e eventos”, diz Fernando Michellini, diretor de vendas e relacionamento da americana Carlson Wagonlit Travel (CWT) no Brasil, uma das três maiores operadoras que atuam aqui no país.
Dona de um faturamento bruto mundial de US$ 23 bilhões, a CWT prevê crescer 3% no Brasil este ano em vendas, com a entrada de 40 novos clientes, incremento de 20% na carteira. “Há mais empresas de médio porte, clientes que gastam até R$ 4 milhões por ano em viagens”, disse Michellini.
As viagens de negócios movimentaram no Brasil ao longo do terceiro trimestre deste ano R$ 3,01 bilhões em vendas de passagens aéreas, diárias de hotéis, locação de veículos e eventos, aumento de 10% ante igual período de 2016, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp). Essa taxa de expansão é superior ao que foi apurado no primeiro semestre, de 9,1%, sinal de que a tendência de retomada acelerou.
Para o grupo nipo brasileiro Alatur JTB, que divide com a CWT e a Flytour a liderança do setor de viagens corporativos, o auge da crise ocorreu no segundo trimestre deste ano. “Os nossos clientes compraram 7% a menos do que compraram no ano anterior, mas aumentamos a receita em 1% com a entrada de novas contas”, conta o presidente da companhia, Eduardo Kina. “Já no terceiro trimestre crescemos 4%, novamente apoiados em novas contas”, disse o executivo, que projeta crescer de 5% a 10% em 2018.
“As viagens corporativas dependem muito do ambiente macro econômico. Por isso, o cenário para 2018 é positivo. Só esperamos que a política nos deixe trabalhar”, disse Marcos Arbaitman, presidente da Maringá Turismo, quinta maior agências em viagens de negócios no país.
O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,1% no terceiro trimestre sobre o segundo, terceiro período seguido de alta, acumulando expansão de 0,6% no ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um alento para uma economia que encolheu 4% em 2016 e 3,8% em 2015.
Arbaitman prevê que a Maringá possa fechar este ano com um volume de R$ 930 milhões em negócios, cerca de 4% mais que em 2016, graças a clientes grandes que voltaram a investir em viagens, após cortes em 2016 que chegaram a 60% dos orçamentos anuais.
“O cliente está voltando, mas ele quer continuar pagando menos”, ressalva o diretor corporativo da Avipam, Peterson Prado, que atende 460 clientes corporativos que geraram vendas de R$ 320 milhões em 2016. “Ainda existe briga por clientes por meio de descontos e preços mais baixos”, disse o executivo. Ele projeta fechar 2017 com faturamento na casa de R$ 400 milhões. “Conseguimos aumentar em cerca de 10% a nossa carteira de clientes e capturar um maior tíquete, com novos serviços”, explicou.
A sócia-proprietária da Verte, Sandra Rossi, que há 20 anos opera viagens técnicas e de incentivo para funcionários e executivos de empresas, como Google, Itaú BBA e Magazine Luiza, afirma que a reação do setor tem sido puxada pela demanda reprimida. “Tivemos retração forte em 2016, o que criou uma demanda reprimida. Agora as empresas estão tirando o atraso. Este segundo semestre de 2017 foi bem corrido”, afirmou a executiva, que prevê crescer 17% este ano e atingir R$ 58 milhões em vendas.
Hotelaria
A retomada da demanda no turismo de negócios também tem aliviado a retração no setor de hospedagem, que vende cerca de dois-terços das diárias para clientes corporativos. Segundo a Abracorp, as vendas da hotelaria nacional desacelerou o ritmo de queda nas vendas. Depois de fechar o primeiro semestre com retração de 9,8%, o segmento melhorou o desempenho entre julho e setembro, para fechar os nove primeiros meses acumulados de 2017 com uma variação negativa menor, de 1,9%.
“A tendência de recuperação, que vem sendo construída desde junho e julho, é consistente”, disse Paulo Brazil, diretor de vendas da Slaviero, que opera 27 hotéis em sete estados, com mais unidades no Paraná, em Santa Catarina e São Paulo.
A previsão da rede é fechar 2017 com avanço de 14% na comercialização de diárias. “A recuperação do mercado vai continuar em 2018”, disse o executivo, que vai acelerar a expansão, abrindo sete unidades ano que vem, ante três inaugurações em 2017.
O presidente da Accor para América do Sul e Brasil, Patrick Mendes, afirma que a queda parou e já vê uma retomada. Ele destacou que as vendas em mercados como os de São Paulo, Recife e Fortaleza, mas ressalvou que há lugares, como os do Rio e de Belo Horizonte, que ainda precisam engrenar uma reação. O executivo disse que o faturamento da rede esta no vai crescer, após um 2016 negativo, quando as vendas da companhia no Brasil caíram 2,4%.
Fonte: Valor Econômico