O mercado corporativo brasileiro movimentou R$ 5,5 bilhões no primeiro semestre deste ano, representando um crescimento de 9,2% frente ao mesmo período de 2016. As informações, divulgadas pela Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), representam dados colhidos entre companhias aéreas, hotéis, locadoras de veículos e agências. Somente no mercado aéreo, as vendas inflaram 6,7%. “É importante destacar que o aumento da procura por voos acontece em meio à retomada do turismo de negócios e maior número de feriados prolongados”, destaca o último Boletim de Desempenho Econômico do Turismo (Bdet) divulgado em junho pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que ouviu 782 empresas em todo o País.
Abrindo o leque de segmentos, a demanda por viagens de eventos e incentivos aumentou de 20% a 22%, observa um dos conselheiros da Abracorp, Alexandre Castro. Vice-presidente corporativo da agência Maringá Turismo, Castro embasa o desenvolvimento do setor: “Nossa empresa está crescendo 8% neste ano”. Mas pondera: “Em 2016, o mercado corporativo deu uma retraída de cerca de 12%, foi um ano pior que 2015, que também foi ruim”. Na filial de Porto Alegre da Maringá Turismo, o faturamento saltou 74% em relação a 2016, afirma o gestor. Presente na Capital há 10 anos, esta unidade da agência de viagens – que trabalha focada no segmento corporativo, apesar de atender outros públicos – passou a ter maior participação dos negócios da empresa, passando de 4% a 9%. “Nossa estratégia foi sair um pouco do eixo Rio-São Paulo e investir nos mercados das regiões Sul, Norte e Nordeste”, explica Castro.
Também a CVC ampliou atuação no mercado corporativo desde aquisição da RexturAdvance (empresa que atua no B2B) em agosto de 2015. Segundo a assessoria de imprensa da agência, esse é um segmento “em constante crescimento, já que todos os setores econômicos têm demanda de viagens corporativas”. Seja para equipes comerciais visitarem clientes, convenções de vendas, eventos para lançamento de produtos, participação em feiras de negócios ou ainda viagens de incentivo aos colaboradores, as corporações respondem por diversos nichos.
De acordo com o último balanço da CVC, divulgado no início do mês de agosto, as reservas confirmadas do segmento corporativo tiveram um aumento de 10,6% no segundo trimestre de 2017, quando comparado com o mesmo período do ano passado. “Ainda que seja um momento de retração e de retomada da economia, conseguimos conquistar clientes importantes nos dois últimos anos, a exemplo da Unisinos, CMPC, Avipa, Altus, Todeschini, entre outros”, destaca o vice-presidente da Maringá Turismo. Segundo ele, 90% do volume de viagens corporativas agendadas representa o mercado doméstico. Castro reforça que o braço de eventos e incentivos da empresa tem sido relevante, com crescimento superior ao do mercado corporativo. Parte deste resultado ocorre devido à captação realizada por entidades, como o Porto Alegre e Região Metropolitana Convention & Visitors Bureau (POACVB).
Entre os eventos deste ano, o POACVB apoiou recentemente a 14ª edição do World Congress on Brain, Behavior and Emotions, que trouxe a Porto Alegre um público de aproximadamente 6 mil pessoas de todos os continentes. Além dos participantes, o evento reuniu mais de 130 palestrantes brasileiros e de outros países, como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Argentina e Suíça. Um dos grandes méritos desse congresso foi trabalhar a multidisciplinaridade e transversalidade, avalia o professor de neurologia da Pucrs e copresidente do congresso, Jaderson da Costa, ao destacar que o evento reuniu pessoas de diferentes áreas de conhecimento.
Organizadoras de eventos cresceram 6,9%
Segundo informações do Ministério do Turismo (MTur), a expectativa de reação da economia e o aumento da demanda doméstica tiveram impacto positivo – de forma geral – no faturamento médio das empresas do setor no primeiro trimestre deste ano. De acordo com Bdet (que foi encomendado pelo Ministério), o crescimento foi de 4,3%, de janeiro a março, na comparação com o mesmo período de 2016. Entre as agências de viagens houve alta de 5,7%, e no transporte aéreo, de 5,4%. Os meios de hospedagem registraram queda de 0,4%, enquanto no turismo receptivo a baixa foi de 6,4%.